sábado, 4 de junho de 2011

Elas estão por ai...

Uma equipe de cientistas suíços, franceses e dinamarqueses anunciou a descoberta da maior colônia de formigas do mundo.

A supercolônia ocupa uma faixa de 6 mil quilômetros que começa no noroeste da Espanha, desce até Portugal, entra na Espanha novamente pelo sudoeste e se estende pelo litoral até o norte da Itália, passando também pela França.

Acredita-se que há bilhões de formigas vivendo ali, ocupando milhões de ninhos.

As formigas pertencem à espécie Linepithema humile, originária da Argentina e introduzida na Europa há cerca de 80 anos junto com plantas que foram importadas.

Cooperação

Os cientistas publicaram o estudo no jornal da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos e disseram que o "formigueiro" atingiu essa dimensão por causa do comportamento de seus "habitantes".

Normalmente, formigas de colônias rivais lutam entre si até a morte. Mas nesta supercolônia européia, os espécimes se reconhecem e trabalham em regime de cooperação – mesmo quando pertencem a ninhos distantes.

No entanto, o biólogo brasileiro Nícolas Lavor de Albuquerque, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, afirma que o fator comportamental não pode ser usado como única evidência de que se trata de uma mesma colônia.

"Há casos de formigas que reconhecem habitantes de outros ninhos ou até formigas de outras espécies", explicou Albuquerque à BBC Brasil. "O reconhecimento entre elas é feito pelo olfato e há formigas que conseguem copiar o cheiro de outras."

O biólogo ressaltou que, para comprovar que se trata realmente de uma supercolônia, é necessária uma investigação genética da comunidade.

"As formigas têm uma divisão muito clara de castas: há a casta das operárias, que são estéreis, e a casta das rainhas, que são reprodutoras", explicou. "Este ninho provavelmente tem muitas rainhas, mas é preciso verificar se essas rainhas e sua prole têm a mesma identidade genética, em uma ponta e na outra da colônia".

Segundo o biólogo brasileiro, a espécie argentina é do tipo urbano. "Ela costuma viver em frestas nas casas", disse.

Origem desconhecida

Os pesquisadores europeus, no entanto, não sabem ao certo como o "formigueiro gigante" se formou.

Eles acreditam que os primeiros espécimes a chegar à Europa formaram colônias muito próximas e densamente povoadas. Isso teria contribuído para o surgimento do comportamento cooperativo em vez do agressivo.

Na opinião dos cientistas, como não havia conflitos internos nessa população de formigas, elas tinham tempo e recursos para combater seus inimigos, afirmando assim sua superioridade.

"É interessante ver como a introdução de um novo habitat pode modificar uma organização social", disse Laurent Keller, da Universidade de Lausanne, na Suíça, e um dos pesquisadores que identificou o "formigueiro" gigante.

Mas Keller e seus colegas acreditam que a supercolônia de formigas pode estar ameaçada.

Segundo eles, podem surgir rivalidades quando grupos geneticamente diferentes se voltarem uns contra os outros.

Outras supercolônias

O "formigueiro gigante" tem ainda um outro rival em potencial – outra colônia de formigas argentinas, menor, que vive na região da Catalunha, na Espanha.

O Brasil também já apresentou casos de supercolônias, principalmente na região do cerrado.

"Ali já foram desenterrados ninhos de 1 quilômetro de extensão por cerca de 5 metros de profundidade", disse Albuquerque.

Esses ninhos eram habitados por formigas cortadeiras, mais conhecidas como saúvas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário